sexta-feira, 19 de outubro de 2012

" Lembras-te? "

Lembras-te amor?
Como bebia da tua voz...
Teus beijos eram tesouros ansiados...
Do teu arfar,
Do modo como abraçavas o prazer...
De como o meu coração,
Palpitava junto ao teu...
E o sangue a ferver...
Me fazia destilar erotismo e paixão...
Lembras-te de como...
Eras meu principio,
O meu fim,
O meu todo?
Do teu toque ser absoluto fogo,
que me consumia por inteira...
De seres o cais, onde queria atracar...
Dono fiel da minha âncora ?
Lembras-te amor?
Como tudo se transformou
...Perdeste-te!...
Procuro...
...Mas já não és tu...
...Já não sou eu,
Já não somos nós!...
Somos apenas um cheiro,
De um bolo feito,
De terra ardida,
De alma vazia,
Onde tudo foi...
E nada restou!
Navio afundado.
Batalha perdida,
Amor dizimado,
Em sangue convertido,
Cravado a lágrimas,
E imortalizado...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

" Flagelo"


Escolha triste minha em deixar-te ir...
Demasiado penosa para suportar,
Cada grito meu abafado num mordente...
A um passo da loucura, num delicioso soluçar... 

Leva minha alma... Peço-te!
Pouco dela já me resta...
Sou prisioneira de falsas escolhas...
Imbecis... Tantas e tão poucas...

Que me rasgam o peito, transformando meu coração em cinza...
Em breve o corpo, bem sei que cederá,
Com ele todo o teu tormento irá findar...
E aos poucos irás por fim esquecer...
Da demente mulher, que não te soube amar!...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

" Violação "



Menina de cabelos negros
De sapato de boneca e saia rodada
Na mochila leva seus sonhos…
E na alma… pedra preciosa sem ser lapidada…

A noite cai… e é escondida em seu recanto…
Que as lágrimas lhe afogam o rosto… e lhe queimam a carne
Que em desespero suplica a morte…
Porque a vida… essa…jamais teve encanto…

Era o doce de sua mãe…
Pela fragilidade com que nascera…
Protecção eterna e amor incondicional ela prometera…
Mas…

Era no silêncio da tarde, nas ausências de sua mãe
Deixava de ser menina e forçada a ser mulher…
No meio de gritos de horror abafados…e jamais ouvidos…
Lhe levantava a pequena saia e com movimentos repetidos…

Lhe bebia a saliva e comia o seu espírito…
Desdenhava da sua impotência e fraca força,
De não conseguir fugir a tal tormento,
De um acto demasiado vil e jamais consentido…

Que lhe sugava a inocência,
Evocando lhe culpa sistemática…
- Porque me provocas - dizia,
- Porque gostas - retorquía,
- Porque não serás dos outros, sem que primeiro minha!

E os dias passaram…
Assim como os meses e os anos…
E esse tratamento nefasto, monstruoso, prevaleceu…
E a menina sem espírito e  cuja honra roubada…
Essa menina… essa doce menina… morreu!…








Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella





“ Ausência ”



Procuro justificar a tua ausência…
Que hoje perceptível ao sentir
E inconscientemente nos distancia
E lentamente… se esvai… o calor…

Esse que outrora fora fugaz desejo..
E que no passado fazia anunciar…
…Obrigatório o consumar…
E que no presente se dissipou algures num beijo...

Tudo parecia quão perfeito…
E esse dia imortalizado…
Nada mais fora afinal
Do que uma esbatida sombra no passado…

Longínqua… e pouco nítida…

E algo já desvalorizada
Nada mais passava do que apenas 
mutuo desejo recalcado
Que hoje acabara por ser consumado.




Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella

" Adolescente ”


Caminhas perdido
sem rumo nem destino,
Tentando entender,
Quando acabará o teu sofrer!…

Oh!… quantas lágrimas de cristal vertidas,
Oh!… tantas lágrimas infinitas…
Tanta dor impiedosa no teu peito,
Que deixou teu coração em pedaços desfeito!

Tens ainda uma ténue esperança
Que o  sofrimento abale e te deixe ser feliz…
E enquanto deixas de ser criança,
E lanças de uma vida… nova raiz!

Porque a vida joga a teu favor!
Não existe motivo para tanta incerteza…
Ela pode-te reservar paz e amor,
E não apenas mágoas!… dor!… tristeza!

Não precisarás de lutar contra a corrente!…
Pois até ti virá trazer,
Outros momentos que te farão  esquecer…
Que também tu foste adolescente!




Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella


“ Penitente ”


Hoje apetece-me cozer os meus lábios...
E evocarei a decadência
Farei do meu pranto bebida espirituosa
Saciarei minha sede de efémera demência

E enquanto ajoelhado humildemente suplico
Que me levem para jamais regressar
Não me escutam! Deixam-me só rastejante
Cumprindo dolorosa penitencia
De não passar desta vida de mero viajante.






Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella

" Meta final "

Perdoa-me…
Não te ter dito o quanto te amava…
De estar ausente, sempre que por mim chamavas…
De não estar contigo… de não te dar a mão…


Perdoa-me…
Tudo aquilo que não disse…
E tudo aquilo que disse em vão…
De ter desistido de ti…
De pouco me recordar da tua voz…
 

Perdoa-me…
De achar que não me amavas…
E com palavras não sentidas esfaquear te o coração…
De não te ter dado certezas…
De me custar admitir…
Que tinhas sempre razão…
Que foste o Homem que mais me amou…
 

Perdoa-me…
Implicar com a tua barba…
Que hoje mais me parece algodão…
Pedaços de nuvens, encontrados na tua face…
Um pouco de céu em ti…
Talvez fosse um prenuncio…
 

Perdoa-me…
Por ainda hoje não aceitar…
Que me deixaste,…
E não tencionas voltar…
E teimas em não aparecer…
Nem sob forma de sonho…
E deste-me ultimo castigo… viver…
 

Perdoa-me…
Ser tão egoísta,
Em querer te aqui…
E tão tardiamente assumir…
Que me fazes falta…
E conto os dias…
Os minutos…talvez em vão…
Para que te possa finalmente dizer…
Amo-te demasiado Campeão!…




                                         Em tua memória Pappy...










" O Bello e a Monstra "


Quem me dera ser frágil...
De sentir que te sou dependente...
Mas afinal, sou monstro psicologicamente hábil...
Monstro esse, que muitas das tuas ausências... Já não sente!...

Perdoa-me toda esta facilidade em deixar de te amar...
Ou pelo menos, deixar de sentir...
Mas já é longa a espera... E não te quero omitir...

Que num passado demasiado distante...
Qualquer lembrança se desvanece...
O desejo perde a força, com louca racionalidade...
Descubro que afinal tu... Já não és importante!...

Culpa tua! Apenas tua! E do teu egoísmo!
Em manter-me... Prender-me na tua vida já preenchida...
E não te esforçares para nos dares liberdade...
alimentaste o meu amor a pão e água... Mas amor...

Alimenta-se de demonstrações de desejo! De saudade!
Sentimentos por ti omitidos!
Tão pouco demonstrados...
E talvez,.. Por ti, nada ou jamais sentidos!

" Final "

Amordacem-me os lábios,
Atravessem-me o coração com um punhal
Lentamente para que possa sentir
O sangue quente jorrando aos meus pés...


Salpicando as vestes... E trémula...
Sorrindo do meu triste final...
Onde assistes... incrédulo... Impotente
Da minha morte enquanto gente...

A vida diante dos meus olhos,
A morte, sabia garantia...
De que vale décadas de sofrimento?
Se a efemeridade é enfermo sem alento?

Qual consolo? Qual abraço? Qual amor?
Observa apenas e ri deste momento...
Blasfemo contra sentimentos de piedade...
Não os quero! Nem sob forma de pensamento!

Deixa me então aqui apodrecer...
Sozinha... Tal como nasci, e não desejei,
Esvaindo a esperança de um dia renascer...
Não me apetece a vida... e essa, finalmente a rejeitei!

Não me chorem...
Não me tomem por tormento..,
Nem tampouco me adorem...
Tudo o que apenas quero... Um rápido esquecimento!

" Desejo "


Vagueias na imensidão do meu pensamento...
Calcorreias-me as veias e acomodaste no coração.
És aprisionado na minha alma... No meu corpo nu...
És a tentação em forma humana...Minha alegria... Ou será perdição?...


Porque me penetras simplesmente com o olhar?...
Porque cada singela palavra me rasgas as vestes...
Porque cada gesto, desperta em mim o desejo,...
Consciente, carnal, voraz!... Sem que tal possa evitar!...

E quero-te! Oh como te desejo e cobiço,...
Que não há vocábulos para to explicar,
Porque me possuis mesmo não estando presente...
Tomando posse do meu corpo... Do meu espírito... Da minha mente!

E quero perder- me! Divagar nesse teu corpo...
Saciar meu querer sem ter de te tocar,
E achar-me!... Completamente perdida...
Mas sem vontade de mudar!









Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella



 

" Menino "

Ténue brilho entristecido...
Nascido no interior de teu olhar,
Que pensamentos esses em que te afundas?
Terá sido mágoa essa trazida pelo revolto e violento mar?...

Tu, jovem menino que alegria cedo naufragou...

Que por força de um cruel destino,
Todo um conceito de porto de abrigo alterou...
Cujos destroços... Prevalecem uma vida...

Quem albergava essa tua dor sentida?
E quem te abraçava quando te contorcias em agonia?
Quem limpava teu rosto das tremendas lágrimas vertidas?
Quem apaziguava teu pequeno coração repleto de melancolia?...

Quanto tempo se passou desde então?
O Menino outrora dócil e frágil...
Hoje Homem que omite qualquer emoção...

É enquanto observa o abstracto sem espanto...
Lhe decifro a tristeza e também a razão,
Porque bebe do silêncio e deglute o pranto...

É que, o pequeno menino,
De ténue brilho entristecido no olhar...
Viu por terra o sonho esmorecido;
De alcançar sua família... Do outro lado do mar!







Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella

" Juras d'Amor "


Disseste-me ao ouvido
Aquilo que teu peito sentia...
Um amor eterno, por fogo movido!
Incapacitado de morrer um dia!...

Passou-se o tempo desde então
Sem que o voltasses a repetir.
Acabaras de quebrar a ilusão,
Aquela que nunca se chegou a concluir!

Tento recordar com carinho e exactidão
As palavras que outrora disseste...
Quão doces... Quão sóbrias!...
Mas hoje?... onde estão?... Que lhes fizeste?

Essas Juras  D'Amor temporárias...
E que no presente se tornam inexistentes,
Nada foram mais do que apenas...
Uma medíocre paixão... De dois adultos inconsequentes! 








Observações da autora:

Excepto os trabalhos que visam alertar para problemas sociais, e os quais são exactamente apenas isso, nenhum dos restantes são mensagens direccionadas para alguém... Salvo a mera e mais doce ou dura criatividade.  Bella