domingo, 22 de janeiro de 2017

" Errática condição "


Fogo de palavras cruzadas,
Juízos precoces, Ideias erradas!
Vontade inexistente,
Amor decadente!

De nada vale a esperança,
Ou assumir o se que sente,
Se os erros estão em permanente lembrança...
O passado afinal... É demasiado recente!

Pedi-te que me olhasses com a tua alma,
E me escutasses com o coração.
Nada vês!... Nada escutas!...
E no meu peito o semear da frustração.

De nada vale deglutir o orgulho,
Se é impossível fazer entender,
Que quando a vontade supera a ira...
O impossível!... Finalmente deixa de o poder ser!

Culpada!
Por acreditar que podia ser diferente,
E teimar que é algo transcendental o que nos une...
A verdade exala devaneio novamente!

Enquanto o passado oferecer o presente,
E continuar a oprimir a verdadeira intenção,
De nada valem as minhas preces...
Em perdoarmos nossa errática e humana condição.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

" Fiquemos assim "

Abraça-me! Fiquemos assim por um pouco.
Que a pele seja elemento único que nos possa separar.
E a melodia do nosso coração,
No peito oposto se identifique o rufar.

Abraça-me! E Fiquemos assim por um pouco.
Enquanto teus dedos dançam pelo meu cabelo suavemente,
E os meus lábios se deleitam com o teu pescoço.
Fiquemos assim por um breve eternamente...
Oh... Fiquemos assim por um pouco.

Fiquemos assim recolhidos,
Aos braços que nos tomam...
Aos olhares ternos outrora contidos,
Às vozes que em uníssono se encontram.

Ao amor que se faz sem possuir...
À roupa que desmaia sem conteúdo e com calma,
E com a tua ajuda e a do verbo despir...
Desnuda encontramos ... A nossa alma!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

"Herança da incontestação"

Os anos passaram como a leveza do dia,
O passado ganhou contornos de lembrança,
O interregno esventrava a esperança...
No presente abstracto, instalou-se a distância.

Separados por consciências militantes,
Vozes em uníssono, pulmões gritantes,
Exalam e promovem história cultural
A verdade do "porque sim"... 
É incontestada herança universal.

Nossas mentes geraram o motim!
As alcoviteiras de janela se deleitavam,
Advogados de acusação e meretrizes.
Anarquistas emocionais, contra fiel amor... Blasfemavam!

Exilaram-te do meu mundo,
Da minha cintura teus braços retiraram...
Teu coração do meu peito,
Com brutalidade arrancaram...

Abandonaram-no à sua pouca sorte,
Moribundo, mal nutrido, devastado...
Baptizado pelas trevas e perdido,
Como criminoso à eternidade, condenado.

Um Amor supremo e delicado,
Semeado pelo vento e pelo acaso
Em peitos férteis, a dolorosa colheita,
De um fruto proibido... e amaldiçoado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

"Habeas corpus"

Não condenes as suas escolhas por favor...
Tomadas por entre medos e mágoas,
Ambos padeciam de contaminado Amor.
Já nada vos tinha para oferecer!

Tudo realmente seria lógico prever...
Coração de ambos seria cruelmente amputado,
Demorada recuperação prometida...
Cicatrizes gangrenadas... Por fim, a alma perdida.

Deambulava sozinha...
Presa num inferno de quem já não pode amar,
Redefinir sonhos... Isola-los... Retirar-lhes as asas,
Para não mais poderem voar!

Engolir a fome da tua voz...
E a inexperiência de sem ti viver,
Profanaram a sanidade restante,
Uma tentativa quase falhada... De se erguer.

Tantas vezes ela batalhou...
Contra a vontade desenfreada,
De esquecer tudo... E para ti voltar,
Mas esta talvez tenha sido a prova maior...
Do verbo supremo e arrebatador...
Amar.

domingo, 28 de agosto de 2016

"Devassa rainha"

Rainha devassa a noite...
No silêncio provoca ruidoso burburinho,
Onde a tua voz... Se evidencia imponente,
Seduz-me, prende-me... Abruptamente!

Ouço-te como a clareza do amanhecer,
Vejo-te com toda a nitidez.
Tão real, que ali fico... A um passo de p'ra sempre perder...
O princípio que me tolda a vida... A sensatez.

Rainha devassa essa que convida,
O coração a tomar seu exército,
Sangrento confronto com a mente, alicia.
Anseia por diversão apenas... E pouco mérito.

Será que quando as trevas te tomam
Sou constante em teu pensamento?
E em teus olhos... puros cristais se formam?
Farás tu da memória viva... Espiritual alimento?

Que o Sol seja os meus braços em ansiado abraçar,
Que o silêncio te traga da minha voz perpétuo ecoar,
Encontra-me em cada estrela... Em cada luar...
Mas leva-me contigo... Em ti... P'ra qualquer lugar!

domingo, 21 de agosto de 2016

"Perdidos e achados"

Abre cuidadosamente o fecho éclair,
Num suave e desejado deslizar...
Retira-me o vestido suavemente,
Enquanto me beijas... Uma, e outra vez... Provocando-me o fervilhar.

Percorre todo o meu corpo...
Contempla-me como se da última vez se tratasse...
Quero ver os teus olhos a incendiar!
Perde-te em mim... que eu anseio tanto por te encontrar!...

A emoção é nossa mensageira,
E sorri para nós vitoriosa,
Que juntamente com a Lua... A sua conselheira...
Conspiravam com o destino de forma gloriosa.

E finalmente eis-nos aqui!
Um no outro perdidos... mas encontrados,
A uma verdade que nunca deixou de existir rendidos,
Tu e eu um pelo outro eternos apaixonados.
Pelo destino, pelo cosmos, um ao outro...

Devolvidos.

sábado, 20 de agosto de 2016

"Palermas em ruína"

Não consigo identificar,
O momento onde o tempo nos apartou,
Foi o presente envenenado do passado...
O ideal de futuro completamente defraudado.

Gratuitamente destruímos,
As nossas ambições, sonhos e a vontade...
O amor outrora por nós construído...
Hoje refém da impossibilidade.

E aqui permanece,
Mas masmorras da minha memória...
Nos calabouços do meu ser!...
Aguardado ínfima oportunidade,
De tamanho amor... o reviver.

Como nos perdemos tão facilmente?
Que fragilidades não conseguimos nós suportar?
E ruíram assim...ruidosamente.
Dois palermas que se diziam amar.